Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa de Cultura e o Jardim Infantil Tlatenchi (CADI) representam dois projetos desenvolvidos em conjunto, embora em terrenos separados, comumente chamados de "lotes residuais". Ao abordar a criação de espaços públicos, é fundamental maximizar seu potencial além dos limites estabelecidos e, nesse caso específico, concentrar-se na geração de interseções, concentração e significado.
Tlatenchi é uma comunidade pertencente ao município de Jojutla, em Morelos. Nesse local, ambos os projetos estão integrados em um contexto habitacional, portanto, uma das premissas do projeto era manter a coerência entre ambos, visto que, embora estejam a apenas 5 minutos a pé um do outro, eles não têm uma conexão física direta.
Por este motivo, buscou-se uma integração da paisagem e das estruturas através do uso de materiais uniformes em termos de cor, disposição e soluções estruturais por meio de um sistema de abóbadas catalãs, permitindo que ambas sejam percebidas como uma entidade única.
Em ambos os casos, foram considerados os fluxos naturais que os moradores costumavam ter entre uma rua e outra, o que implicou na reintrodução da rua original configurada pelo percurso anterior, a travessia natural. A concentração de indivíduos nestes espaços gerou um ponto nodal em cada centro, que se traduziu em uma arquibancada na Casa de Cultura e em um pátio no caso do CADI.
Revivendo a abóbada - Significado. Um elemento chave foi a incorporação contemporânea da abóbada de tijolos, que na arquitetura moderna permite tirar partido da sua funcionalidade estrutural, versatilidade e expressividade. Essa abordagem envolveu uma revisão do ofício do mestre de obras que a construiu, cujo conhecimento foi transmitido por gerações em Tlatenchi, bem como a integração dos materiais com as dimensões particulares do local e o tempo em que é localizado.
Esse sistema, que os artesãos locais dominam com eficiência, foi implementado para cobrir grandes espaços sem a necessidade de suportes intermediários e para melhorar a circulação de ar no interior dos espaços.
Dado o conhecimento da suscetibilidade sísmica na região de Jojutla, optou-se por uma reinterpretação da abóbada catalã com o objetivo principal de evitar a autoconstrução de múltiplos níveis sem o conhecimento estrutural adequado, a fim de evitar tragédias como a que ocorreu no terremoto de 2017, em que a falta de planejamento e a construção imprudente causaram danos ou o colapso de milhares de edifícios.
Em termos construtivos, as paredes estruturais expostas servem como base do sistema estrutural, em tijolo extrudado, enquanto o tijolo de barro foi reservado para as abóbadas. Os materiais se estendem aos pátios, escadarias e passarelas, pavimentados com as conhecidas telhas de barro.
Além disso, a região tem um clima predominantemente quente e úmido durante a maior parte do ano, de modo que a seleção de materiais no projeto arquitetônico desempenha um papel fundamental na regulação térmica dos espaços.
Tal estratégia é especialmente importante em edifícios públicos de baixa manutenção, onde a opção de ar condicionado pode não ser viável. Portanto, foram incorporadas persianas e aberturas para permitir a ventilação cruzada e regular a temperatura. Cada um desses elementos contribuiu para a coerência entre os dois lotes como um todo.
O espaço público autêntico surge da participação genuína dos cidadãos, que dá origem a presenças e forças indispensáveis que transformam esses espaços em ambientes de encontro e participação ativa além das estruturas físicas. Esta visão permite que eles sejam percebidos como o componente central de uma esfera de atividade envolvente.